sábado, 28 de junho de 2014

Uma curta e triste história



A solidão era distinta em seus risos vazios, mente ocupada ao semear das rosas, fatos perdidos no total esquecimento. O desespero estava estampado em seu rosto rugoso. Seu olhar penetrante, suas mãos tremulas apoiadas no banco do jardim. Lembranças de uma jovem mulher, perdida nos desastres da guerra, enraizada em um passado arrasador.
O perfume das flores vermelhas lembrava o sangue lavado pelo tempo. O odor agradável que se vai com o tempo. 
Pobre mulher, sozinha no tempo onde perdera tudo; amigos, família e um romance para a vida toda, interrompido pelo acaso. A guerra havia tirado seu amor de seus cuidados e o levado até a eterna solidão do paraíso.
Não via motivos para sair de sua casa, pois lá havia tudo que precisava. Suas melhores lembranças naquela casa estava. Amigos e família tentaram, sabia disso, mas havia há muito perdido a vontade de viver.
Ao regar das flores, as lágrimas deixadas para trás não aliviavam a tentativa de um novo semear de rosas. E, apesar de seu sofrimento, usou aquilo como um recomeço.
Logo percebera que seu mais lindo jardim precisava ser enterrado, junto com seus antigos sonhos e lembranças de um passado que a fizera feliz. Gostaria de poder cuidá-las para sempre, mas até a mais bela rosa, um dia, tem de morrer.

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