quarta-feira, 25 de junho de 2014

Vida anciã



Hoje sinto como se tudo eu já tivesse vivido
Mas, na verdade, da vida nada conhecia
Todo o aborrecimento que guardo aqui
Faz de meu café apenas mais amargo

Por agora, o mundo se esqueceu de mim
E no papel ali uma resposta escrita estava:
“Feche-se à mim, mundo, pois não o temo mais
Podes cair, mas daqui jamais sairei”

Penso muito em meus remédios
E em minhas espingardas de fantasia
Se fora deste mundo já estou
A que devo o mérito de ainda viver?

Eu, que esqueci do álcool
E até da nicotina disse adeus
Nessa fria madrugada temo dizer
Que aos vícios da vida sucumbi.

Estou apenas na vida começando
Mas sem mais vontade alguma, afinal
Pra que viver esta vida, onde foi nas mentiras
Que enterraram meu coração?

Pouco a pouco, tudo me vi perder
E em meu coração hoje já partido
Não há mais lugar para falsas promessas
Nem lágrimas que responsáveis foram
Por todos os meus sonhos cegarem.

Vejo que para um dia a paz encontrar
Meu último pedido alguém teria de realizar:
Pediria para que meu corpo cremado fosse
Pois um digno funeral nunca mereci ter.

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