domingo, 13 de julho de 2014

Existir para desaparecer



O que é "existir" afinal de contas?

Bilhões de pessoas lá fora. Dá pra imaginar quantas não se sentem sozinhas, solitárias, tristes, infelizes com a vida de merda que eles vivem? Não dá pra culpá-los, na verdade. É só ligar a televisão. Todos dizem coisas e fazem você pensar coisas. Modelam você como quiserem e, atualmente, conseguem com muita facilidade.
O modelo perfeito de vida: estudar para arrumar um bom emprego para ganhar dinheiro para sustentar sua família para morrer infeliz por não ter realizado seus sonhos. É isso que tudo acaba sendo, no final?

Veja, nem todos tem facilidade para estudar sete, oito matérias na semana, enchendo a cabeça de besteiras que eles não se importam apenas para poder tirar notas e ser supostamente "bom" em algo. Alguns sempre vão ter dúvidas do que diabos eles estão fazendo ali de verdade, e, porra, não há nada que eles possam fazer, porque aparentemente não há uma vida para aqueles que desistem do modelo, das regras. Não concorda? Experimente. Tente correr atrás dos seus sonhos quando tiver 16 anos. Vai precisar de dinheiro e, olha só, não há lugar para gente inexperiente no mercado. E, se há, é trabalho quase escravo.

É uma puta luta fodida para poder se ter o que se quer nesse mundo e, infelizmente, não há lugar no topo para todo mundo, para alguns, não importa o quanto lutarem se não houver espaço para eles na sociedade. ESSA é a pior parte. Já imaginou aquele garçom que atendeu você e sua família mesquinha naquele restaurante chique que você foi sexta à noite? Garanto que o sonho dele não era ser garçom, quando era apenas uma criança. Garanto que ele tinha sonhos maiores, desejos maiores. Mas olha só aonde ele foi parar. E, se perguntar pra ele, provavelmente vai estar tudo bem porque, se prestar atenção, ele é mais sábio que você, que tem um emprego dos sonhos. Ele sabe que não há lugar para todos no mundo dos sonhos, então ele se satisfaz e tira o proveito que pode da função que ele tem para tornar o seu mundo mais agradável.

A vida é triste assim. Se tornou assim por ignorarmos todas as vidas que lidamos todos os dias. Seja o vizinho que tem problemas com a esposa, ou seja aquele mendigo tentando vender suas artes por algum dinheiro para poder se drogar. Talvez não seria assim, se enxergássemos uns aos outros como iguais. Mesma espécie, mesmos problemas. Talvez o mendigo tivesse um bom emprego, se o ensino não fosse tão rigoroso à ponto de forçar alguém a aprender mil e uma coisas supostamente importantes apenas para provar que um é melhor que outro, nos vestibulares. Talvez o vizinho fosse muito feliz com a esposa, se, na hora de fumar um cigarro pela manhã, você parasse para ter uma boa conversa, se abrir e contar que, às vezes, é pode ser difícil mesmo um relacionamento. Nunca se sabe. Às vezes, o problema desse mundo é a solidão. Somos invisíveis uns aos outros. Quer uma prova? Vá andar no centro de sua cidade. Veja se alguém vai te olhar nos olhos.

O problema é que temos medo de seguir por rotas diferentes. Mesmo que as coisas não dão certo nesse caminho que trilhamos, continuamos seguindo por eles, pois nos acostumamos a achar que é tarde demais para tentar coisas novas. 

A vida deveria se tratar apenas de encontrar novos caminhos quando o atual já não dá mais certo. Não precisamos de modelo nenhum para seguir, somos inteligentes o suficiente para seguir nossos próprios caminhos, com nossas próprias regras. Somos nós que vamos enfrentar as consequências de nossas próprias ações.

Viva sua vida como quem sabe que, um dia, vai simplesmente desaparecer. Seus sonhos, desejos, vontades, conquistas, decepções... Tudo num piscar de olhos vai simplesmente sumir. 
Todos estamos desaparecendo, devagar, até a morte. Coisas que sentimos ontem hoje não sentimos mais. Pessoas que amamos ontem hoje não amamos mais. Amigos que conhecemos ontem hoje não conhecemos mais. Sempre uma constante mudança. Algo desaparece, para outra aparecer, e sempre será assim, até acabar nosso tempo. Viva sabendo disso para que, quando a hora chegar, você saiba que, pelo menos, valeu à pena.

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